Insensibilização

Pra quem acha o abate animal uma crueldade, que gera sofrimentos intensos ao animal, resolvi postar sobre a primeira operação de abate propriamente dita e uma das mais importantes: a insensibilização, que evita a crueldade na etapa da matança.
A inconsciência do animal não pode ser induzida por drogas, visto que resíduos inaceitáveis permanecem na carne.
 A marreta de insensibilização ainda é utilizada no Brasil, principalmente em estabelecimentos clandestinos. Mas este método não está previsto na Instrução Normativa 3 (IN3), que regula os métodos de insensibilização para abate humanitário de animais de açougue.

A insensibilização visa tornar o animal inconsciente, de modo que este possa ser abatido de forma eficiente, sem lhe causar dor e angústias. Permite melhor sangria e manejo do animal no abate, com mais segurança para os operários, já que o animal se encontra inconsciente.
O processo de insensibilização não é completamente livre de estresse, mas reduz a resposta do animal às condições estressantes durante o abate. A eficácia desse processo, no entanto, depende do equipamento utilizado, de sua adequada manutenção e dos cuidados durante o seu uso.
Os métodos de insensibilização para abate humanitário no Brasil, regulamentados pela IN3, de maior aplicabilidade em bovinos, classificam-se em:

1) Métodos mecânicos (concussão) – percussivo penetrativo: realizado com pistola com pistola com dardo cativo, acionado por ar comprimido (pneumáticas) ou cartucho de explosão; percussivo não penetrativo: apenas realizado por pistolas de dardos de percussão, que causam a concussão com o impacto, sem a penetração do dardo no crânio do animal.

2) Método elétrico (eletronarcose) – uso de corrente elétrica, que deve atravessar o cérebro do animal. Deve ser realizado pelo uso de eletrodos (em animais maiores) especiais que garantem o perfeito contato com a pele, sendo, no entanto, permitido o uso de equipamentos de imersão quando da insensibilização de aves.

Apenas o uso do dardo cativo causa a inconsciência permanente.

Quando a insensibilização por concussão com dardo cativo é realizada efetivamente, o animal apresenta as seguintes respostas:

• Queda imediata, com as pernas flexionadas.

• Respiração rítmica ausente (uma respiração ofegante é comum e indica que o cérebro está morrendo).

• Espasmos musculares nas pernas (coices) e nos músculos da região traseira.

• Expressão fixa e vidrada, com nenhum reflexo no globo ocular, mesmo quando tocado.

• Nenhuma vocalização (mugido, bramido, relincho ou guincho). O sinal mais evidente de um atordoamento inadequado é o retorno da respiração normal e ritmada.

Fonte:
GOMIDE, L.A.M.; RAMOS, E.M. e FONTES, P.R. Tecnologia de Abates e tipificação de carcaças. Viçosa. Editora UFV, 2006. 370p.

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